
I wonder what we'll play for you tonight
Something heavy or something light
Something to set your soul alight
I wonder how we'll answer when you say
"We don't like you - go away,
come back when you've learned to play
I wonder what we'll do when things go wrong
When we're half-way though our favourite song
We look up and the audience has gone
Will we feel a little bit obscure
Think 'We're not needed here,
we must be new wave - they'll like us next year'
The wonders don't care - we don't give a damn
The wonders don't care - we don't give a damn
The wonders don't care - we don't give a damn
Os versos acima são de One Chord Wonders, primeira música lançada pelo ADVERTS, uma das bandas pioneiras da cena punk inglesa de 76-77. A história desse grupo, que considero um dos mais originais (até hoje não ouvi nenhuma banda parecida), começa em 1974, em Torquay, uma pequena cidade litorânea da região sul da Inglaterra, onde Tim Smith era vocalista do Sleaze,

Mesmo sem encontrar os demais membros escolheram o nome: primeiro seriam os One Chord Wonders, depois, num bate papo, surgiu The Adverts, nome que ficou. Além de comporem algumas músicas, a dupla tornou-se frequentadora assídua de shows do Stranglers e dos Pistols. Então resolveram anunciar no Melody Maker que precisavam de "um guitarrista especial que não fosse especial". Um tal Howard Boak respondeu ao anúncio e foi aprovado. No entanto, acabou por adotar outro apelido: Howard Pickup ("boak" é uma expressão do norte da Inglaterra para vômito, mas era difícil explicar isso). Ao mesmo tempo Tim resolveu criar um nome mais artístico: juntou o Smith, nome mais popular da Inglaterra, com o do eletrodoméstico mais comum do país e tornou-se TV Smith. Howard foi o responsável por levar a banda a ensaiar em um estúdio (até então, Tim só sabia o que era ensaio em garagens e quartos de amigos, com aparelhagens tranqueiras).

Em 15 de janeiro de 77 o Adverts fez sua estréia como banda de abertura para o Generation X no lendário Roxy Club (claro que o amigo John Towe foi importante para conseguirem a "boquinha"). Logode cara chamaram a atenção por terem uma mulher como baixista, o que era incomum no então ainda mais machista mundo do rock'n'roll. E ainda por cima era bonitinha. Tornaram-se quase que uma banda residente do Roxy - com uma dezena de shows em cerca de três meses - e logo conseguiram lançar o primeiro single, pela Stiff Records (da qual já falei em post anterior). O compacto chamou a atenção não só pelo som, mas também pela capa, com o rosto de Gaye em super close. Apesar de ser considerada uma das melhores capas de discos


Depois de quase um ano tocando direto e os três singles reconhecidamente entre os melhores de 77, estava na hora do álbum. Para a gravação escolheram nada menos que o consagrado estúdio Abbey Road. Antes do LP, porém, lançaram mais um single com No Time To Be 21 e New Day Dawning. Em fevereiro de 78 finalmente foi lançado o clássico Crossing the Red Sea with The Adverts. Adquiri este disco por volta de 81 e devo tê-lo ouvido umas 200 vezes em uma semana. Até hoje sinto algo diferente quando roda New Church, On the Roof, Bombsite Boys, Great British Mistake, On Wheels...
Após o lançamento do LP, shows, shows e mais shows. Como até então praticamente não haviam saído de Londres, iniciaram uma tour continental. No entanto, antes mesmo de completarem o giro pela Irlanda, Laurie foi atacado por uma hepatite e a excursão teve de ser interrompida. Fora de combate, o baterista foi substituído por... John Towe, que já não estava mais no Gen X. Mas o novo integrante não se adaptou e deixou o "cargo" após poucas apresentações. As baquetas passaram então para Rod Latter, ex-The Rings (tocou no The Maniacs também).

Baixe aqui Crossing the Red Sea With The Adverts e aqui o Singles Collection

ADVERTS FACTS
- O Sleaze, a primeira banda de TV Smith, chegou a gravar um LP por conta própria, do qual foram prensadas apenas 50 cópias, distribuídas para amigos e familiares. Uma das músicas deste disco, Listen don't think, foi reformulada pelo Adverts e rebatizada como New Boys.
- Gary Gilmore's Eyes foi baseada em uma das mais tétricas histórias da época. Gilmore era um assassino norte-americano condenado a morte que pediu insistentemente para ser executado antes do tempo e que seus olhos fossem doados para transplante, já que "o coração não servia para nada"! Mas na época muita gente confundiu o personagem com Gary Gilmour, um famoso jogador de críquete.
- Apesar de ajudar a atrair público e atenção da mídia, além de contribuir para que outras minas se aventurassem nos palcos, o fato de Gaye Advert ter se tornado uma espécie de musa punk atrapalhou um pouco a banda, sempre vista como o grupo da "baixista sexy". Alguns tablóides chegaram a comentar qu ela era a vocalista mais sexy de Londres. No máximo, ela fazia um ou outro backing volcal. O tom de voz de TV Smith realmente parece feminino, mas nas capas dos discos tinha os créditos... coisas da gloriosa imprensa musical!
- O engenheiro de som de Crossing the Red Sea... foi John Leckie, o mesmo do aclamado álbum Dark Side of the Moon do Shit Floyd.
- Gaye Advert foi convidada por Ari Up para ser uma das Slits, mas recusou, pois "preferia ficar em companhia de garotos".
- No Crossing the Red Sea... original as faixas Gary Gilmore's Eye e New Day Dawning ficaram de fora e só foram incluídas no relançamento em CD.
- TV Smith seguiu carreira solo e está em atividade (confira o site oficial). Gaye Advert, que mora com ele, aparece eventualmente em shows do companheiro, mas oficialmente retirou-se do mundo da música. Laurie Driver e Rod Latter também não se envolveram mais com música.

Eis uma banda "difícil de gostar". Durante um bom tempo torci o nariz para os Adverts. Achava a voz e o jeito de cantar do TV Smith muito esquisitos, parecia cantor de ópera. Mas como era uma banda muito bem conceituada no mundo punk, me forçava a escutá-los colocando umas músicas deles no meio das fitinhas que eu gravava no estilo "de tudo um pouco". Acabei gostando da banda, a tal ponto que, quando estou a fim de ouvir Adverts, estou a fim de ouvir Adverts - ou seja, Adverts é uma banda única, não é apenas "mais uma banda punk". A banda realmente tem algumas músicas sensacionais, como New Church, Bored Teenagers, Great British Mistake.
ResponderExcluirQuanto ao Cast of Thousands, não acho o disco ruim, embora também não seja nenhuma maravilha. Mas tem duas músicas que eu adoro: Cast of Thousands e My Place
O Adverts realmente tem um som super própio. Uma puta banda.
ResponderExcluirQuanto ao Cast of Thousands, eu concordo com o The Hairy Hands.
Abraço
Caros, infelizmente não consigo gostar do C.O.T. e olha que já tentei! No máximo dá para achá-lo mediano como um disco de rock. O problema talvez seja eu não conseguir ouvi-lo sem pensar no trampo anterior do Adverts. Talvez se o disco fosse lançado com outro nome (da banda, claro) eu dava um desconto! E, como eu disse no post, nem é por não ser um disco punk, um "Crossin' the Red Sea 2" ... pois gosto de muito disco de bandas que começaram punk e depois mudaram (exemplo: Skids).
ResponderExcluirValeu os comentários e saudações anárquicas!