O ato todo foi realizado junto com uma garota, Casey 'Cola' Hopkins. Ela e Darby teriam comprado cerca de 400 dólares em herô e, depois de saírem de uma festa dizendo a um dos convidados que iriam se matar, trancaram-se no apartamento dele para fazer a merda toda. A versão mais divulgada é a de que os dois haviam realmente feito um pacto de morte. Mas alguns jornais da época disseram que a garota desmaiou, ou “bodeou”, e quando acordou viu Darby já morto, então tentou matar-se também injetando mais droga, mas sobreviveu.
A intenção de Darby, provavelmente por já estar em estado depressivo profundo, devido ao consumo exagerado de drogas, era tornar-se um mártir punk. Em diversas entrevistas deixara a entender que um dia se mataria e que isso não ia demorar. Com 22 anos, viveu intensamente e morreu jovem, algo muito comum no mundo do rock, desde James Dean até os dias atuais.
No palco, Darby era um verdadeiro demônio. Adepto assumido do estilo de Iggy Pop, invariavelmente cortava-se durante os shows e atirava-se sobre a platéia. As apresentações do Germs eram tão caóticas e agressivas, que a certa altura, o grupo adotou um nome fantasia (GI) para conseguir tocar, já que a maioria dos clubes de Los Angeles banira a banda.
Darby Crash fundou o Germs em 1977, junto com seu colega de escola e guitarrista Georg Ruthenberg, conhecido como Pat Smear. Sim, é o mesmo que tocou um tempo com o Nirvana e depois com Foo Fighters. Nessa época, Darby era Bobby Pyn e a banda contava ainda com a baterista Dottie Danger (na verdade, Belinda Carlisle, uma das mundialmente famosas Go Go’s) e a baixista Lorna Doom. O grupo teve ainda dois bateristas (Cliff Hanger e Nicky Beat, do Weirdos) antes que Don Bonnes assumisse as baquetas definitivamente em 78.
Em termos de vinil, o grupo estreou com um compacto terrível. Forming, o lado A, foi gravada em dois canais na garagem de Pat Smear. No lado B, Sex Boy, foi um registro ao vivo da segunda apresentação do grupo. Nas primeiras mil cópias, o aviso de que o disco “poderia causar câncer no ouvido” estampado na contracapa não era exagero. Mas a banda exigiu que a faixa fosse retirada em uma segunda prensagem. Realmente muito mal tocado e pessimamente gravado. Ainda em 77, saiu o pirata Germcide, capturado no terceiro show do grupo. Também sem a mínima qualidade. A essa altura já havia quem duvidasse que o Germs pudesse realmente tocar, que era um blefe. Mas em 78 sai o compacto Lexicon Devil, em que a banda mostra um som mais consistente e a lenda começou a ganhar corpo. Foi após este disco que Don Bonnes (também chamado Bone Breaker e baterista do X) entrou na banda.
Mas o grande momento do Germs foi o LP GI, de 79. Um disco histórico, que para mim está ao lado, em qualidade e importância, de clássicos como os primeiros do Clash e do Ramones ou o Never Mind The Bollocks. É um disco atemporal, HC antes de isso existir. Com produção de Joan Jett, a qualidade da gravação é das melhores e a banda estava em plena forma. Além disso, Darby era um letrista de primeira qualidade.
O último registro em estúdio da banda foram seis músicas que deveriam fazer parte da trilha sonora do filme “Cruising”, com Al Pacino. No entanto, apenas uma delas entrou no disco do filme. Por sorte, mais tarde acabaram saindo no CD The Complete Germs Anthology. Pouco depois, o grupo dissolveu-se, em conseqüência dos excessos de Darby, que então passou um tempo na Europa. Para amigos da época, foi nessa viagem que ele se iniciou na heroína ou, pelo menos, o vício ganhou os contornos dramáticos que o levaram a cometer o suicídio. Na volta, ele e Pat ainda formaram a Darby Crash Band, que fez alguns shows mas não entrou em estúdio. Aí aconteceu o que motivou este post.
Baixe o CD (MIA) The Complete Germs Anthology. O arquivo está em duas partes para facilitar o download. Parte 1 – Parte 2
CRASH FACTS
- Antes do Germs, Darby e Pat tentaram formar uma banda com o nome Sophistifuck and the Revlon Spam Queens. Não chegaram a tocar ao vivo nem gravar nada com este nome.
- Darby foi criado em uma família completamente desestruturada. Seu pai biológico, um marinheiro sueco chamado Bill Bjorklund, abandonou sua mãe quando soube da gravidez e ele só ficou sabendo a identidade do sujeito quando já era adolescente. A mãe era alcoólatra e seu irmão mais velho, a quem Darby idolatrava, também morrera de overdose.
- Se quis chamar a atenção e ficar famoso com sua morte, Darby deu um tremendo azar, pois um dia após a tragédia, John Lennon foi assassinado e os jornais não deram muita bola para seu suicídio.
- Darby tentou esconder o fato de ser bissexual, mas todos sabiam que tinha um namorado, Donnie Rose, responsável pelos teclados (?) no LP.
- Um ritual de Darby no palco era particularmente cruel. Obcecado por círculos, ele costumava fazer a marca registrada da banda (um círculo, óbvio) no braço ou no ombro de alguém da platéia. Com um cigarro! A prática era denominada Germs Burn....
- O filme The Decline of Western Civilization, da diretora Penelope Spheeries, lançado em 1981, após a morte de Darby, inclui performances históricas da banda. Darby aparece na capa da trilha sonora e no cartaz da película, que retrata a cena punk/hc de Los Angeles na virada da década de 70 para 80.
- A vida e a carreira de Darby Crash estão documentadas no livro Lexicon Devil, de Brendan Mullen e Don Bolles, e também no filme What we do is secret, lançado em 2008, com direção de Rodger Grossman. O ator Shane West faz o papel de Darby.
- Após várias tentativas de roubo de seus restos mortais, e as incessantes visitas, a mãe de Darby resolveu mudar a sepultura do filho para um local desconhecido. Descanse em paz.
CARA, achei o teu blog muito foda bicho! só tem coisa boa! E esse Germs ae é do caralho, e as tuas resenhas são ótimas! Mas eu acho que tá faltando alguns crássico do punk nacional com RDP, Cólera, Inocentes, Garotos Podres e Replicantes!
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