21/07/2008

Black Power

Death e Pure Hell são duas bandas bem desconhecidas por aqui, mas com dois aspectos em comum e, até certo ponto, raros entre os grupos de punk rock dos anos 70: ambas eram formadas apenas por negros e possuíam uma qualidade musical acima da média, ou seja, realmente sabiam tocar! Quero esclarecer que, para mim, a cor da pele não diferencia ninguém e, creio, a maioria dos punks não cultivam qualquer tipo de preconceito, pelo contrário, lutam contra eles. Mas o fato é que punk e rock não é a praia preferida dos músicos negros, talvez pela pouca habilidade, teoricamente, exigida para se tocar este tipo de música. Os músicos negros sempre preferiram ritmos mais melodiosos, isso é indiscutível.
O Death foi formado em 1974, em Detroit, e lançou apenas um compacto, com Politicians In My Eyes e Keep on Knocking. Apesar de o single ter sido lançado em 1976, de forma totalmente independente, em um selo deles mesmo (Tryangle Records), foi gravado em 1974. As duas músicas seriam parte de um LP pela Columbia Records, porém, diretores da gravadora exigiram que a banda trocasse de nome. Eles recusaram e não assinaram o contrato. Então está tudo aí: som pesado e rápido, letras contestadoras e atitude. Como dizer que não eram punks, antes mesmo do punk existir? As informações sobre o Death são pouquíssimas, mas há a possibilidade de a gravadora Livewire, que tem ligações com o filho de um dos integrantes da banda, lançar mais algumas músicas que ficaram nas mãos da Columbia e foram resgatadas recentemente. Por enquanto, o compacto segue como raridade (chega a ser cotado a US$ 700), mas no mundo virtual tudo é possível e as duas músicas rolam na rede por preços bem módicos...
O Pure Hell, também americano, foi formada em 1975 e já tinha uma atitude mais abertamente punk. Eles tocaram ao lado de gente considerada por muitos como "pioneiros" do punk, como New York Dolls, Dead Boys, Richard Hell e, pasmem, Sid Vicious (após o fimmdo Sex Pistols)! Só que o Pure Hell era ainda mais punk! Tocavam mais pesado, mais rápido e melhor. Inexplicável terem ficado à margem da história "oficial" do punk rock. Certamente um dos fatores que contribuiu, mas não justifica, para isso foi que eles lançaram apenas um EP na época, com as músicas No Rules e These boots are made for walking (um clássico pop dos anos 60, composto por Lee Hazlewood e gravado pela primeira vez por Nancy Sinatra!). O EP foi lançado durante uma turnê pela Inglaterra, quando tocaram ao lado de UK Subs, por isso, chegaram a ser confundidos como uma banda inglesa. Após a turnê eles gravaram um álbum que só seria lançado em 2004 (26 anos depois!), com o nome, mais que apropriado, Noise Addiction. A influência do glam rock da década de 70 está presente mais no visual, pois o som chega a soar hardcore em alguns momentos. Repare na música American, um petardo que se alguém disser que foi gravado recentemente ninguém duvidaria.
A formação era Stinker (Kenny Gordon) nos vocais, Chip Wreck (Preston Morris III) na guitarra, Lenny Steel (Kerry Boles) no baixo e Spider (Michael Sanders) na bateria. Grandes bandas, grandes histórias.

(Todas as fotos são do PH)

O incrível EP do Death está aqui:
http://www.mediafire.com/?ldmn5tzrjjm

E o inacreditável Noise Addicition do Pure Hell aqui:
http://www.mediafire.com/?l21ti15bryn

8 comentários:

  1. Anônimo7/22/2008

    não conhecia nenhuma das duas bandas, legal ir resgatando coisa boa que foi ficando esquecida...

    detalhe pra foto polêmica do sid vicious, a camiseta com a suástica, porém abraçado com um negro.
    hahahaha

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  2. Pois é Marcus, tem muito som que merecia mais reconhecimento. O problema do lance DIY sempre foi a divulgação. Além do mais, as prensagens financiadas pelas próprias bandas eram curtíssimas, como no caso do Death, que prensou apenas 1.000 cópias. E naquele tempo não tinha essa ferramenta de comunicação que é a Internet. Já imaginou se tivesse? O punk teria chegado à Marte, com certeza!
    Quanto a foto, coloquei pra ver a reação mesmo. Hoje, no mundo politicamente correto, quem ousaria usar uma camiseta dessas? E quem ousaria abraçar alguém com uma dessas? Creio que Sid queria ofender o sistema, mas não devia ter noção exata do que representava a suástica (como muitos moleques daquele tempo).
    Saudações anarquistas...

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  3. Anônimo9/10/2008

    Putz, esse Pure Hell é puro Iron Maiden das antigas, da época do Paul D'ianno. Muito bom, mas não é punk, é metal.

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  4. Como eu disse, o Pure Hell sabia tocar e a influência do glam rock é evidente, daí o som ter muitos solos. Mas pelas atitudes e pelas letras não dá para dizer que eram metal, tanto que o público e as bandas que compartilhavam o palco com eles (Germs, Dils, UK Subs na tour européia, etc)eram punks. Mas realmente o som deles deve agradar headbangers, tanto que recentemente o vocalista Kenny Gordon andou trocando figurinhas com Lenny do Motorhead. Será que podemos dizer que o Pure Hell foi o primeiro "crossover" punk/metal?
    Falou....

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  5. Anônimo9/10/2008

    Talvez sim. Me impressionou a "limpeza" do som, muito bem gravado. Eles estavam à frente do seu tempo, antes da "invenção" do hardcore e da NWOBHM. O metal dessa época era bem diferente também. Gostei bastante, nunca tinha ouvido falar nessa banda.

    O Death (que nome mais heavy metal) também é legal, me lembrou uma banda moderna, o Hellacopters, que eu também gosto bastante, e que vai na linha crossover metal/hardcore.

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  6. O Death não era punk mesmo, mas a levada deles para a época (as músicas são de 74) é de impressionar. As gravações perdidas que iriam para o LP estão na boca do forno e, segundo Bobby Hackney, o filho de um dos componentes, é porrada pura....

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  7. Anônimo10/30/2008

    O DVD que vem junto com o cd do Pure Hell é fantástico!

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